Análise: Ninfomaníaca de Lars Von Trier

31 março 2014 Nenhum comentário

Lars von Trier sucumbiu a si mesmo quando prometeu ao público um filme tão devasso quanto os já existentes em sua filmografia. Quem já assistiu Dogville (2003), Anticristo (2009) e Melancholia (2011) deste destemido cineasta dinamarquês, sabe que sua ousadia é bilateral, em quanto tenta ser grosseiramente agradável visualmente, ele balança sua qualidade junto a uma câmera nervosa e roteiros passíveis de cansaço e enjoo. Nas duas partes que unificam Ninfomaníaca, sua mais recente obra, somos surpreendidos por uma densa história que Trier procurou tanto torná-la imensa que transformou algumas partes em algo raso e superficial. 
Na primeira parte do longa que estreou no começo de 2014, Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada porSeligman (Stellan Skarsgard) em um beco, bastante machucada. Para ajudá-la, Seligman oferece abrigo por uma noite, já deitada e em recuperação, Joe conta os acontecimentos de sua vida que culminaram com a sua situação no beco em que foi encontrada. Com cuidado aos detalhes sórdidos, Joe revela-se ser uma viciada em sexo, capaz de correr diversos riscos e provações por um ou vários orgasmos.
Com intensas cenas de sexo, Joe é minimalista com seus sentimentos, mesmo considerando o sentimentalismo uma fraqueza humana, cada detalhe é bem traduzido por imagens, o que Lars von Triersabe fazer muito bem é transpor ao visual os anseios de seus personagens, com a ajuda de uma trilha sonora soberba e das atuações sempre agradáveis de Charlotte e principalmente de Stellan, pode-se afirmar que este volume é quase a única e verdadeira parte que interessa.
O volume dois cansa. Mesmo que seja a partir da segunda parte que a vida de Joe começa a ser dilacerada, devido sua patológica situação sexual, a narrativa entra em um declínio surpreendente. Se na primeira parte temos os capítulos Mrs. H com a participação mais que agradabilíssima de Uma Thurman e The Little Organ School, não existem capítulos a serem lembrados nesta segunda parte. 
As cenas de sexo ficam escassas e entra a violência não sexual, mas que para Joe deve superar seus desejos, provocando dores ao seu corpo ela tenta expurgar sua necessidade pelo ato carnal. A explicita violência é tão exposta quanto os diversos órgãos sexuais que surgem ao decorrer do filme, a dor, o descaso humano, o diluvio intimo que transborda na vida de Joe é sempre tratado de forma carinhosa pela personagem, a Nympho aceita sua condição e a vive sem medo. 
O cinema de Lars von Trier é moderno e encantador, não é para criar polêmica e tão pouco causar incomodo, para ele não existe o comodismo, aventurar-se com história cruas e reais podem permitir a queda de moralismo e preconceitos. Assim, poderíamos ter o filme somente feito pelos diálogos sensacionais entre Joee Seligman, sem as necessidades dos flashbacks, o discurso dos dois lotam de prospecção e humanismo qualquer ser humano que atento, possa perceber que Nymphomanica não é um filme sobre uma viciada em sexo, e sim, sobre dois seres humanos, dois lados de uma moeda, onde cada um tem no seu modo de viver a sua necessidade em ser para si mesmo donos de seus anseios, sem culpa ou medo. 

O JANTAR PERFEITO

25 março 2014 Nenhum comentário
O agradabilíssimo curta de animação O Jantar Perfeito tem feito mega sucesso na internet. Produzido por alunos para um curso, a animação é criativa e com um humor sensacional. Confiram:


 
Desenvolvido por Michelly Melo.