Quando Obama chegou ao cargo público mais poderoso do planeta nasceu uma esperança que, finalmente, os negros haviam chegado ao seu lugar na sociedade, não que já não o tivesse por que nunca teremos total direito em menosprezar o trabalho árduo e colossal de personalidades como o Martin Luther King que estabilizou um crescente e maduro pensamento racista e nos ensinou que os negros devem sim participar efetivamente de todas as camadas da sociedade, mas foi a conquista do trono-mor americano por Obama que fez os negros serem vistos novamente, ganharem voz. Passada a euforia, Obama saiu do poder em 2017 deixando o cargo nas mãos de um homem branco, conservador, capitalista e sexista, por um instante regredimos uma década e aqui estamos em um invólucro de lama tão pior quanto estávamos lá nos anos 80 e 90. O Filme Pantera Negra que conta o nascimento e a ascensão do príncipe negro do fictício reino de Wakanda é um novo passo nesta dura e permanente luta pela representatividade dos negros no mundo.
Seria muito tolo não percebermos como um filme desse poderia ser comercialmente muito rentável para os estúdios que o produziram, assim como também não podemos colocar a culpa do seu sucesso somente ao motivo da representatividade de negros, mulheres e da cultura afro tão disseminadas em todo contexto do roteiro. Pantera negra é realmente um dos melhores filmes de heróis já apresentado pela Marvel, com a direção de Ryan Coogler, do ótimo Creed, o longa consegue desenvolver com competência a trajetória do herói de forma a criar camadas de drama, humor e romance que envolvem a atenção, o ânimo dos expectadores e claro, a emoção de forma geral do público dos quadrinhos, que desde 1992 esperam pelo filme.
Wakanda é um reino escondido na África, onde seus habitantes utilizam como principal fonte de energia o misterioso vibranium, um metal muito poderoso que nas mãos erradas pode causar danos irreparáveis ao planeta. T'Challa, interpretado selvagemente por Chadwick Boseman, ao voltar dos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil para Wakanda, percebe que deverá lutar pelo seu trono. T'Challa conta com a ajuda de Nakia, personagem da linda Lupita Nyong'o, de Okoye, Líder das Dora Milaje, e de sua irmã Shuri, para que juntos possam combater as forças que estão do lado do usurpador de seu trono. Perceba que o herói tem bastante ajuda feminina, outro grande acerto do filme, o poder das mulheres é tão soberbo e expressivo que garanto o total protagonismo das atrizes e de suas personagens no filme, algo que o diretor Ryan conseguiu desenvolver de forma bem madura.
Pantera Negra tem falhas normais e até aceitáveis para filmes de heróis, diálogos razoáveis que ficam escondidos por causa dos maravilhosos efeitos visuais e um final pífio diante da dimensão da importância do herói. Embora que não possamos garantir que o filme tenha nascido em uma busca dos produtores em reafirmar uma representatividade dos negros nos cinemas, apenas podemos enxergar que o público retratado no filme lota as salas com ânimos, ovacionando mais uma nova conquista. Uma de muitas outras que estão por vir.