Incrível como a arte cinematográfica tem a infelicidade de ser taxada, numerada, quantificada e por vezes, qualificada em listas de ordens crescentes, como se cada obra concorresse com outra, uma competição quase olímpica, onde se fica vez mais difícil eleger um vencedor. Mas como vamos definir o melhor de todos se ainda nem todos foram finalizados? Como afirmar que um filme de 1950 é o melhor longa metragem já feito se temos ainda um futuro promissor à frente? Certo, podemos usar como parâmetros apenas os filmes feitos até certa data, mas sim, já vimos todos os filmes já feitos? ou filtramos apenas por aqueles que tiveram público em massa, ou se tentarmos ser mais justos, tentamos dá ênfase apenas aos filmes que de certa forma representaram alguma escola cinematográfica ou algum período cultural. Perceba como é complicado definir o que não merece ser definido.
Eu sei que é natural você estabelecer parâmetros e ter listas de "coisas que você mais gosta de fazer" ou "filmes que você mais gosta de ver", mas isso deve ser pessoal, introspectivo, e não, generalizardo como a obra "1001 filmes para se ver antes de morrer" que desde 2003 preenche as prateleiras das livrarias e tem se tornado um dos livros mais vendidos ano após ano, quando sempre sofre alguma pequeníssima alteração em sua listagem oficial assinada pelo crítico Steven Jay Schneider. Esta alteração é a prova de como a arte é imensurável, totalmente inclassificável, principalmente quando se trata de filmes, que mensalmente em média, estreiam de 26 a 30 filmes nos cinemas brasileiros. Agora calculem quantos filmes não vão às telas dos cinemas por falta de incentivo, quantos estreiam na Argentina, em Honduras, na China e até no Paquistão que não chegam por aqui, por que não entram no circuito comercial? Será que no meio desses que você, eu e até os críticos engomadinhos de Los Angeles, Cannes e Sundace que não possuem total acesso ás obras, não estão perdendo o "verdadeiro" melhor filme do mundo?
Recentemente, o site revistabula.com publicou um artigo de Ademir Luiz com o título "A Lista definitiva dos 100 melhores filmes de todos os tempos". Que exagero! A Palavra "definitiva" nos remete a algo finalizado, engessado, como se o autor estivesse pontuando o famoso The End em todas as listas existentes. Pior do que isso, é Ademir iniciar sua lista criticando outras listas, levantando por sua análise uma avaliação negativa da presença de títulos de filmes em listas de outros meios de comunicação, como se unicamente a dele, fosse realmente a que defini tudo. Talvez pra ele, na lista das listas de melhores filmes, a dele fique em primeiro lugar. O vencedor!
Basta lembrar que há listas com opções altamente questionáveis, como colocar “Um Sonho de Liberdade” em primeiro lugar ou incluir obras tecnicamente sofisticadas, mas com roteiros pobres como “Avatar”; ou ainda francamente descartáveis como “A Princesa Prometida”. Ademir Luiz, revistabula.com
A Lista apresentada por Ademir é para "corrigir essas distorções", então, intitulados pelo direito universal de criar a lista mais precisa de todos os tempos, a Revista Bula em parceria com a ONU e os Iluminati, se incumbiram de determinar os 100 melhores filmes do planeta. Claro, que ele criou parâmetros que vai da relevância dentro do gênero, o apuro estético e artístico dos filme e etc. Pelo menos, na sua finalização o autor deixa claro que "a lista não é definitiva, pelo menos até amanhã." Desculpas, caro Ademir, a lista em si nunca foi definitiva, nem mesmo ontem. Pra mim ela sempre foi ultrapassada, cansada, velha. Uma obra cinematográfica só tem como parâmetro de avaliação sua própria história, por que um filme não é simplesmente uma história contada é uma história vivida por quem o assisti, e o expectador de longe, bem de longe mesmo, nunca deixara de ser o único a determinar se aquela história foi ou não impactante em sua vida, isso, claro, sem criar uma lista.
Para quem quiser ler a lista e também dá sua opinião, segue o link:
http://www.revistabula.com/7073-a-lista-definitiva-dos-100-melhores-filmes-de-todos-os-tempos/