O Segredo de Brokeback Mountain, 2005

23 dezembro 2012 Nenhum comentário




Ang Lee retratou pela primeira vez o homossexualismo no filme O Banquete de casamento (The Wedding Banquet), assinando também o roteiro, o diretor utilizou a comédia leve para apresentar a temática de forma social, onde o protagonista, homessexual, casa-se com uma mulher de seu país para que ela possa conseguir um green card, e claro, satisfazer aos pais. Pela segunda vez que Ang Lee dominou a temática, foi em O Segredo de Brokeback Mountain em 2005, obtendo sucesso de crítica e público.

Ambientada entre as décadas de 60 e 80, os ainda jovens Jack Twist (Jacke Gyllenhaal) e Annis del Mar (Heath Ledger), são contratados para cuidar de um manado de ovelhas na montanha do título. Tanto tempo juntos, com bebedeiras e bastante prosa, os dois se aproximam e mantém um contato que vai além da amizade, criando um amor que irá percorrer mais duas décadas até seu fim trágico.

Acumulando premiações por todo o mundo, O Segredo de Brokeback Mountain recebeu três Oscar, por melhor direção, melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora. Totalizando foram 23 premiações com mais de 40 indicações, sendo o prêmio mais comentado, o recebido pela MTV Movie Awards por a Melhor cena de beijo, entre os personagens de Heath Ledger e Jake Gyllenhaal.

Filmado no período curto de dois meses, em sua maior parte no Canadá e apenas uma cena na Cidade do México nos Estados Unidos, os atores dedicaram-se de tamanha forma que todos do elenco principal foram indicados para algum prêmio, sendo que Anne  Hathaway, até então conhecida apenas pelo seu ótimo e fofo trabalho em O Diário de Princesa, foi elogiadíssima no papel de Lurren Twist. E quem também passou a ser bastante conhecida no mundo cinematográfico foi Michelle Williams, que na época era mais conhecida devido o seriado americano Dawson’s Creek. As duas interpretaram as esposas de Annis e Jack, respectivamente , sendo a cena em que os dois se beijam em um corredor próximo da escada, e são observados da porta pela Alma (Michelle) a cena mais antológica do longa.


Heath Ledger, durante as filmagens ainda era casado com a bela Michelle, o que fortaleceu sua dedicação ao personagem, indicado ao Oscar de melhor Ator, perdendo-o para Philip Seymor Hoffman por seu trabalho em Capote. Heath que já havia protagonizado diversos outros, sendo mais conhecido pelo 10 coisas que odeio em você (1999), mais só veio ganhar um Oscar em póstumo pela sua contribuição ao cinema, na época em que seu trabalho em Batman – O Cavaleiro das Trevas chamou a atenção de todos como o louco coringa.

Seu trabalho em O Segredo de Brokeback Mountain com a ousadia imposta pelo roteiro de Ang Lee, onde Annis, um homem bravo, que nasceu e cresceu no oeste americano sobre o forte preconceito do pai com gays, precisou se adaptar para aceitar sua nova condição, desestruturando o homem forte e de sotaque caipira que Heath soube incorporar em veracidade ao personagem viril.

O Jovem e sonhador Twist, sob a pele de Jake Gyllenhaal, tinha seus ideais e aceitou-se mais rápido que o companheiro. A diferença de pensamentos e perspectiva de futuro para os dois conseguiu os separar por pouco tempo, pois quando se reencontravam para as pescarias, a desculpa para os encontros secretos, eles passavam a viver a história, história que era só deles.


O Segredo de Brokeback Mountain é mais do que as indicações que recebeu, mais do que as ótimas atuações, mais do que a bela fotografia e bem mais do que seu roteiro intrico. O Segredo de Brokeback Mountain foi mais além, Ang Lee, apresentou a nova classe de cineastas, algo que Sidney Lumet fez junto a atuação perfeita de Al Pacino em Um dia de cão , nos anos 70. Ang Lee, fez o oitava maior filme de romance em bilheteria mundial, este modesto diretor explicou que um filme, seja em sua vã liberdade ficcional, pode e deverá sempre ser o máximo real possível, assim como o amor de Jack e Annis, existem muitos mundo afora, mais aonde eles estão? Escondidos no cume de alguma montanha? Não, Não, a metáfora é mais explícita do que o beijo apaixonado pelo casal no filme, essas histórias estão ao nosso redor. Esta no nosso cotidiano.

Os Miseráveis - Mais do melhor!

13 dezembro 2012 Nenhum comentário
O Livro Os Miseráveis estará novamente nos cinemas, desde 1907 quando o romance de Victor Hugo foi adaptado a primeira vez até este último, que deverá estrear agora no natal nos Estados Unidos, são mais de 48 adaptações seja para o cinema ou telefilmes, mais poucos alcançam a beleza dos personagens e da história que foi lançada em 1862. 
No filme que será totalmente musical, com direção de Tom Hooper, ganhador do Oscar em 2011 pelo Discurso do Rei, e as interpretações de Hugh Jackman com Jean Valjean, Amanda Seyfried como Cosette, Russel Crowe como Javert e para encerrar o elenco princiapal a bele Anne Hathaway no papel da sofredora Fantine. Aguardemos este, que poderá ser, um dos vencedores do próximo Oscar. 


Tiê - Uma Modelo de Cantora

09 dezembro 2012 Nenhum comentário


Saindo do rol elitizado e popular da música brasileira, é possível encontrar, não muito escondidos, por barzinhos e pequenas casas de show, artistas que revelam-se a cada momento como interpretes encantadores de composições cada vez mais autorais.  Faltando a alguns de nós, público lavados pela música comercial das rádios, apenas o feeling e a disposição para dá vez ao timbre de artistas como o da paulista Tiê, ex-modelo profissional que decidiu mostrar seu talento à todos, após a parceria em uma música com Toquinho, o qual frequentava o Café Bistro que a jovem mantinha em São Paulo.

Com dois cds lançados, sendo o primeiro o melhor e apenas com músicas autorais, todo gravado em Low-fi, “Sweet Jardim” é tão doce aos ouvidos que torna-se viciante desde a primeira música, Assinado Eu, que com a voz autêntica e os espaços vazios dentro da melodia expressa o que toda garota gostaria de dizer para aquele amigo que revelou-se ter confundido amizade com amor, passando pelas faixas Passarinho, Te Valorizo e a história de amor contada em A Bailarina e o Astronauta, encerrando-se com a música que dá nome ao disco, uma canção de acordes que lembra o final de tarde.
O Segundo disco A Coruja e o coração é um disco mais alegre, com músicas autorais e interpretações como “Você não vale nada”, que tiê resgatou do forró e adaptou a sua calma voz. O Álbum oferece  cantigas como Perto e Distante, Te Mereço e For you and for me, cantada em inglês.



Tiê merece um espaço em nossa memória, seja no celular, no tablet ou na mente. Afinal, uma ótima companhia para o trânsito estressante ou para o fone de ouvido durante uma caminhada. Música de qualidade, mais em low-fi.

Pequena Miss Sunshine, 2006.

02 dezembro 2012 Nenhum comentário

Todo ser humano é um exímio perdedor, todos somos obrigados a abdicar de algo que queremos muito, afinal nunca poderemos ter tudo em nossa vida, e caso possamos possuir mesmo em uma condição de remota denominada “sonho”, teremos que lutar muito para alcançar, pode ser um amor, pilotar um jato, conseguir publicar um livro ou vencer um concurso de beleza. Este é o princípio da emocionante narrativa do Pequena Miss Sunshine, filme de 2006 dirigido pela dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris.

A Família comandada pelo casal Sheryl, Toni Collette em uma das suas melhores atuações desde o Sexto sentido (1999) quando foi indicada ao Oscar, e Richard, interpretado por Gregory Kinner, indicado ao Oscar em Ator Coadjuvante pelo seu trabalho em Melhor é impossível de 1998, precisam manter a família estruturada, o que não é nada fácil quando se percebe a situação moral em que cada integrante se encontra, e ainda ter que reuní-los em uma Kombi, para que juntos cheguem a tempo para que a pequena Olive possa desfilar no concurso Miss Sunshine, a garotinha é um show a parte, o talento e a experiência infantil da meiga Abigail Breslin, a Bo Hess de Sinais (2002), é a responsável por boa parte do melhor que o filme tem a oferecer de aprendizado para a vida.

No caminho até a cidade californiana aonde acontecerá o concurso, a família precisa encarar juntos os dilemas que até então eram individuais. Do suicídio mal sucedido de Frank, Steve Carell em uma de suas primeiras atuações no cinema, do silêncio dramático do jovem Dwayne, Paul Dano de Sangue Negro (2007), que desejar entrar para a escola de pilotos de caça, e o uso de heroína pelo avô, pai de Richard, que expulso do asilo devido mal comportamento, está no meio da família sendo o responsável para ensaiar Olive para a apresentação no desfile.

Todos os problemas são cobertos pela cobertura amarga do casamento em fiasco de Sheryl e Richard, que tentam suportar cada um da sua maneira a família problemática que levam como passageiros dentro da Kombi na estrada da vida. Sheryl, acreditando que a realidade deverá ser mostrada sempre, não escondendo para a filha de apenas 7 anos que o tio tentou se matar por que tinha um amor não correspondido por outro homem, e Richard, que aguarda a resposta de um produtor para lançar um livro onde fala das 9 regras para ser um vencedor, as quais ele tenta seguir repassando-as para a família, repetindo as regras todo o instante para todos, cansando com sua falsa esperança de que para ser vencedor é necessário nunca pedir desculpas e nem desistir fácil dos objetivos.


Todos no filme são perdedores, não que piadas não existam e tão pouco que eles não sejam felizes. A Família mesmo cercada de problemas, também se amontoam em olhares, gestos e carinho, que mesmo subconsciente e não mostrado para as câmeras existem de alguma forma, sendo o elo de ligação a pequena Olive, que no seu sonho de ganhar o desfile, encoraja a todos. Se um dia, filmes como Pequena Miss Sunshine pararem de ser produzidos será uma perca enorme para o cinema, pois desde a sombra do neo-realismo italiano, mostrar a fraqueza do ser humano é mostrar o melhor lado, pois é neste que reina toda a força de sobrevivência, aquela que pulsa enquanto tudo se desmorona.
 
Desenvolvido por Michelly Melo.