Pequena Miss Sunshine, 2006.

02 dezembro 2012

Todo ser humano é um exímio perdedor, todos somos obrigados a abdicar de algo que queremos muito, afinal nunca poderemos ter tudo em nossa vida, e caso possamos possuir mesmo em uma condição de remota denominada “sonho”, teremos que lutar muito para alcançar, pode ser um amor, pilotar um jato, conseguir publicar um livro ou vencer um concurso de beleza. Este é o princípio da emocionante narrativa do Pequena Miss Sunshine, filme de 2006 dirigido pela dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris.

A Família comandada pelo casal Sheryl, Toni Collette em uma das suas melhores atuações desde o Sexto sentido (1999) quando foi indicada ao Oscar, e Richard, interpretado por Gregory Kinner, indicado ao Oscar em Ator Coadjuvante pelo seu trabalho em Melhor é impossível de 1998, precisam manter a família estruturada, o que não é nada fácil quando se percebe a situação moral em que cada integrante se encontra, e ainda ter que reuní-los em uma Kombi, para que juntos cheguem a tempo para que a pequena Olive possa desfilar no concurso Miss Sunshine, a garotinha é um show a parte, o talento e a experiência infantil da meiga Abigail Breslin, a Bo Hess de Sinais (2002), é a responsável por boa parte do melhor que o filme tem a oferecer de aprendizado para a vida.

No caminho até a cidade californiana aonde acontecerá o concurso, a família precisa encarar juntos os dilemas que até então eram individuais. Do suicídio mal sucedido de Frank, Steve Carell em uma de suas primeiras atuações no cinema, do silêncio dramático do jovem Dwayne, Paul Dano de Sangue Negro (2007), que desejar entrar para a escola de pilotos de caça, e o uso de heroína pelo avô, pai de Richard, que expulso do asilo devido mal comportamento, está no meio da família sendo o responsável para ensaiar Olive para a apresentação no desfile.

Todos os problemas são cobertos pela cobertura amarga do casamento em fiasco de Sheryl e Richard, que tentam suportar cada um da sua maneira a família problemática que levam como passageiros dentro da Kombi na estrada da vida. Sheryl, acreditando que a realidade deverá ser mostrada sempre, não escondendo para a filha de apenas 7 anos que o tio tentou se matar por que tinha um amor não correspondido por outro homem, e Richard, que aguarda a resposta de um produtor para lançar um livro onde fala das 9 regras para ser um vencedor, as quais ele tenta seguir repassando-as para a família, repetindo as regras todo o instante para todos, cansando com sua falsa esperança de que para ser vencedor é necessário nunca pedir desculpas e nem desistir fácil dos objetivos.


Todos no filme são perdedores, não que piadas não existam e tão pouco que eles não sejam felizes. A Família mesmo cercada de problemas, também se amontoam em olhares, gestos e carinho, que mesmo subconsciente e não mostrado para as câmeras existem de alguma forma, sendo o elo de ligação a pequena Olive, que no seu sonho de ganhar o desfile, encoraja a todos. Se um dia, filmes como Pequena Miss Sunshine pararem de ser produzidos será uma perca enorme para o cinema, pois desde a sombra do neo-realismo italiano, mostrar a fraqueza do ser humano é mostrar o melhor lado, pois é neste que reina toda a força de sobrevivência, aquela que pulsa enquanto tudo se desmorona.

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