Minha vida sem mim (2003)

01 abril 2013


Alguns filmes tocam nossos sentimentos, e outros filmes invertem a situação, os nossos sentimentos tocam o filme. A cena de abertura de Minha vida sem mim, mostra uma jovem parada tomando banho de chuva, ela sente a gota d’água tocar-lhe a pele, sente a roupa encharcar-se, sente a grama verde amaciar seus pés, ela sente a vida, sente-se no poder de viver. Ter todas as sensações possíveis durante um banho de chuva é o mínimo que ela poderia fazer por si mesma, que em estado terminal devido um câncer, decide aproveitar a vida em seus últimos instantes. E nós, espectadores dessa história nos jogamos de forma absurda a viver com ela esses últimos momentos.


A primeira filha as dezessete anos, o marido sempre a procura de um novo emprego, uma mãe desiludida da vida, um pai detento e uma vida ligeira. Para Ann (Sarah Polley, de Madrugada dos Mortos) viver era uma questão de sobrevivência, trabalhar durante toda a madrugada como faxineira em uma universidade e durante o dia cuidar da filha e dos maridos, uma vida comum, mais uma vida que era sua. Uma adolescente que cresceu na busca por criar responsabilidade, vivendo um amor platônico pelo seu esposo, seu primeiro namorado, que ainda resiste ao tempo, aprendendo a cuidar das filhas, tentando ser bem diferente de sua mãe, uma mulher amargurada com a vida.


A Descoberta da doença fatal é um dos pontos altos do filme, descobrir que vai morrer movimenta todos os seus pensamentos, fazendo-a criar uma lista de tudo que quer fazer antes de morrer, além de deixar para as filhas lembranças de sua existência, evitando que elas se esqueçam da própria mãe, já que as duas ainda são crianças.

O Tocante de Minha vida sem mim, não é a morte eminente da protagonista, pois mesmo que esteja claro desde o momento que não existirá algum milagre que a salve do fim propriamente dito, a beleza está em suas realizações pessoais enquanto devagarinho a morte chega e a leva aos poucos, sem o conhecimento de ninguém. Conhecer um novo homem, comer vários doces, dizer que ama as filhas todos os dias, encontrar uma mulher que apaixone-se pelo seu esposo, e que essa possa cuidar de suas filhas, são as missões que Ann se propõe a realizar antes da morte.


O derradeiro final desta emocionante história é de provocar uma ânsia medonha pela vida. Como tenho dito lá no início, Minha vida sem mim não nos toca, é nos que tocamos a este filme, nós que nos colocamos no papel da protagonista, intercalando em nossa mente perguntas que extravasem nossos próprios sentimentos, e se fossemos nós destinados a morrer daqui a dois meses, o que faríamos? A quem deixaríamos lembranças?  



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